Comunidade Brasil

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Após o primeiro debate, para onde caminha o Brasil?

Propostas todos alegam ter, apontar os erros do atual ocupante do Palácio do Planalto também é tarefa fácil, afinal num país de administração caótica como o Brasil, com leis fracas e oligarquias fortes, quem governa com seriedade erra e quem entra na ciranda do tráfico de influência erra mais ainda.


Portanto, o desempate da mesmice dos discursos é no debate, na oratória, no confronto de idéias e na capacidade de convencer o eleitor de que a sua postura é mais “presidenciável” que a do oponente.

Nesse contexto, temos:

1) Serra: de longe o mais experiente na arte da política. Foi técnico, fez bom uso de sua oratória de professor, pausado, didático, controlado e ciente de sua posição de única alternativa para quem não quer o continuísmo. Mostrou que fez a lição de casa apresentando dados e estatísticas sem precisar consultar muito o material à sua disposição.


No entanto, e os marketeiros o sabem muito bem, um candidato que se opõe à máquina estatal deva dar a largada na corrida sucessória com pelo menos 10 pontos à frente do candidato governista, para ir perdendo pelo caminho e na reta final ainda ter alguma chance. Para quem sabe que, ao início do horário eleitoral na tv, quem representa a situação sempre acaba se sobressaindo, com obras e projetos em andamento de encher os olhos, Serra foi morno, contido e sem o “apetite” e agressividade necessárias à quem corre contra o relógio. Contentou-se em não errar em vez de tentar acertar, aliás, o comportamento de ¾ dos candidatos.
E a estória do "papai, você sorriu pouco" foi de amargar.


2) Dilma: pouco há que se falar da candidata governista que já não se saiba. Pouco esperavam dela, pouco ela ofereceu. Aliás, o partido considera lucro que ela não tenha capotado em seu primeiro vôo solo, sem os mentores logo ali atrás.

A capacidade técnica da candidata é conhecida (e questionada por alguns mas isso é outra estória) porém sua imagem de futura estadista, oratória e capacidade de convencimento foram colocadas à prova pela primeira vez longe da equipe e o que se viu foi muita força de vontade mas uma postura ainda em construção, vacilante às vezes, insegura demais para assumir o posto mais alto da nação.

Mas não desesperem, pois tanto ela quanto o PT quanto nós, todos sabemos que o suporte que está por trás de Dilma trabalha 24hs para moldar uma estadista onde antes havia uma funcionária de 1º. escalão. Muito ainda há que se fazer até o 2º. debate e ela tem à disposição 8 anos de relativo sucesso econômico de seu governo como cartão de visita.
Deu o recado mas ainda não entregou a mensagem.


3) Marina Silva: como representante da “3ª. via”, ou seja, a candidata que se apresenta contra um jogo que muitos (inclusive este colunista) definem como “de cartas marcadas”, pautado por um revezamento sistemático entre os dois maiores partidos do país, a candidata perdeu uma excelente oportunidade de marcar posição e se firmar como alternativa viável. Foi apagada, tímida com alguns pontos fortes, alguns “picos” de energia que não se sustentaram e não se interligaram de forma a formar uma liga mais resistente.

Pior, deixou no ar um quê de “saudosismo” ao seu antigo partido, contra o qual teve quase o carinho de não pegar pesado. E o que foi aquilo do "Dado" nas considerações finais?

Com pouco mais de 1min. Na televisão, Marina deveria se atirar como um lobo ao debate no intuito de formar um alicerce que poderia ser explorado no seu escasso tempo no ar. Decepcionante. Frustrou não seus eleitores, que já rejeitam os dois primeiros mas justamente aqueles a quem quer atrair, os indecisos e descontentes. Eu diria que a campanha do PV saiu do debate com uma pequena crise nas mãos. O que abriu espaço para...


4) Plínio de Arruda Sampaio, a revelação!

O único candidato a “conversar” com o eleitor, a dialogar com a câmera, falando numa linguagem direta dos problemas que afligem o cidadão brasileiro, não hesitou em cutucar os demais candidatos e expor o jogo cordial do “não bato em você e você não bate em mim”.

Com respostas francas e rápidas, além de um nível de sarcasmo contido, ironizou os adversários e tirou proveito de suas posturas estudadas e receosas.

Nos melhores momentos, quase lembrou o ex-prefeito de São Paulo Jânio Quadros, um expert em desestabilizar adversários na oratória.

Não fosse o excesso de regras que engessou e anestesiou o debate, com certeza o teria feito.

Não se vê no horizonte possibilidades reais para Plínio mas, se justiça for feita, as pesquisas pós debate deverão colocá-lo numa posição muito melhor, pois com certeza arregimentou votos e simpatia nessa noite.

Em resumo, os candidatos se expuseram uns aos outros e se estudaram mutuamente. Esperemos que, com nova carga de munição e dispostos a explorar as fraquezas vistas, produzam um próximo debate mais objetivo e à altura da maior potência da América do Sul, senão do hemisfério sul.

18 comentários:

  1. Excelente texto,Parabéns pela visão e percepção!
    Respondendo a sua Pergunta...O Brasil,caminha para um segundo turno.
    Acredito que não vai haver uma promoção direta,da candidata da posição logo no primeiro turno...Apesar de ter de reconhecer que realmente não temos candidato(a)para ter levantado este país a ter o gosto pelas eleições...
    Achei sinceramente um Debate muito fraco,Sem as emoções que este embate merecia!
    Também acho que muita gente terminou por ficar na dúvida,Sobre este ou aquele candidato.
    No próximo debate esperamos que "as coisas" peguem fogo e os opositores do governo mostrem e argumentem com propostas de governo, consistentes,realistas e sobretudo apontem às verdadeiras falhas do governo dos últimos oito anos...Como por exemplo a utilização do "capital vadio" pelo Banco central e este ter à frente a mesma pessoa que esteve neste cargo no governo da "oposição" oito anos antes.
    Um Abraço Luiz.

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  2. A análise do debate e das perspectivas dos candidatos está ótima, isenta de partidarismo.
    Não vou me fixar em analisar o debate, pois não assisti,aliás, a grande maioria da população não assiste, pois, precisamos acordar cedo para trabalhar.
    Concordo que a Marina precisa aproveitar cada microssegundo de exposição para se firmar como candidata e ela com sua voz de freirinha, já foi católica, não convence o eleitor.
    Marina precisa ser mais agressiva, mais Heloisa Helena!
    As falas da candidata Dilma estão pautadas no curso intensivo de política que tem frequentado junto aos marqueteiros de sua campanha, minha preocupação como cidadão, é sobre o que pode acontecer quanto ela estiver longe dos "freios" da marquetagem, caso se eleja.
    O Serra deveria ter assumido a campanha dele ainda no ano passado, querendo respeitar as leis, deixou a oportunidade passar e dificilmente vai recuperar. É uma pena pois é a única alternativa para quem não quer o continuísmo, os vinte anos do mesmo partido no poder.
    Conheço um pouco da história do Plínio e lamento que o Brasil não tenha aproveitado melhor este ilustre cidadão.

    Quanto ao Luiz, autor do texto, fez uma excelente estréia.

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  3. Muito bom texto sobre o debate! imparcial e sem partidarismo!

    De minha parte, deixo aqui minha decepção com Marina Silva, esperava bem mais dela, e fico feliz por termos o Plinio! Tudo bem, ele tinha uma posição mais confortavel do que os outros candidatos... mas ele foi muito bem. Assisterei os proximos debates esperando por ele, e quero ele na globo! Mas sou Marina

    Sobre Serra e Dilma, sem novidades, inclusive acho que não dá mais para o Serra, os debates não serão o divisor de agua que os tucanos gostariam, vai dar Dilma

    Sem ironias, proximo debate espero que consultem a tabela de jogos, e façam o favor de não colocar no mesmo horario! e antes que culpem o futebol e os brasileiros, acho que na inglaterra jamais fariam isso!

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  4. A verdade é que se a arte da política é a arte da oratória, o melhor artista não significa necessariamente o melhor candidato.
    De qualquer forma esses debates não revelarão o que se espera do candidato. Ou pouco revelarão nas condições circunstanciais e limitadas se comparadas aos anos de efetivo exercício no poder.
    O mais interessante é que o eleitor gosta de ver o embate superficial dirigido pela mídia. Torce pra que seu candidato ora seja mais agressivo, ora sorria. Resquícios da Grécia antiga ?
    O texto está ótimo e a análise pertinente, mas sobre uma farsa que não tem nem o tempo nem o roteiro necessários pra que se veja quem é quem.
    E os ‘gladiadores’ sabem disso. O telespectador é que clama por sangue na arena.

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  5. Parabéns pela percepção e tb pela construção do texto, ambas excelentes!

    Só pra constar, quem conhece a Marina sabe que ela se apaga diante das cameras... um defeito grave pra quem precisa dos holofotes para chegar no Palácio do Planalto.

    E o Plinio é de uma inteligência fascinante, quase nunca desaponta!

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  6. Luiz o "nosso" Blog está de muito bom gosto.
    Continue nos proporcionando a informação e nos apresentando sugestivos debates.
    Abraços cordiais. Conte comigo.

    Alessandra Tomas

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  7. Análise imparcial e inquestionável. Assim se deu o debate!
    Plínio realmente se saiu melhor justamente por que entendeu que não tem o que perder ali. Se saiu melhor como orador... mas não vislumbrei propostas concretas e realizáveis de nenhuma das partes.
    Mas, pela clareza e pelo não comprometimento 'poliqueiro' dos outros candidatos votaria nele, se isso não implicasse em vantagem de votos para quem eu não desejo ver no poder.

    Por fim, parabéns por este espaço que tem tudo para ser um canal aberto para exposição e troca de boas idéias e sugestões!

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  8. Luiz, parabéns pelo Blog e pelo texto lúcido, bem articulado e imparcial.
    Achei que o debate serviu para realçar o quanto os eleitores estão desprovidos de bons candidatos. Realmente uma pena a Marina não ter uma postura mais firme e segura. Esta seria a minha primeira opção...
    Mas vou continuar acompanhando.
    Bjos.

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  9. Parabéns Luiz.

    Excelente comentarios sobre os candidatos no debate da BAND. Em especial ao Plinio Arruda.

    Ótima iniciativa de criar um blog.

    Desejo-lhe mt sucesso assim como tens tido na comunidade Brasil.

    Conte comigo

    Abraço

    Parrini

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  10. A priori Luiz, quero parabenizá-lo pelo texto. Assim como a maioria dos que postaram aqui, acredito que, apesar dos "lampejos de troca de farpas", o clima morno imperou neste 1º debate. O eleitor que estava em dúvida, deve ter permanecido na mesma situação. No entanto, creio que como foi o 1º, os próximos possam ser mais proveitosos, com posições mais seguras, respotas mais precisas.
    Outro ponto importante que eu queria aqui registrar é o fato do eleitorado nacional, em ano de eleições, sobretudo, presidenciais, se preocupar menos com que vai nos representar no posto mais alto da nação. Digo isso, baseada em algum conhecimento que tenho, por trabalhar no TRE do meu Estado. A maioria dos eleitores têm mais "interesse" em analisar melhor os candidatos a senadores e deputados, por estarem "mais perto" deles. É bom lembrar, que os presidenciáveis merecem tanta atenção quanto estes, pois é inegável a importância que um governo a nível federal pode exercer na economia e no desenvolvimento de um país, dentre muitas outras coisas.

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  11. Parabéns pelo blog, Luiz/
    Abraços

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  12. Gostei do texto, apesar de ter achado levemente tendencioso(contra Serra), desculpe opinar com minha sinceridade.
    De toda forma, exercer cidadania opinando, é saudavel.
    Sabemos, todos nós temos um lado, ou no minimo...
    estamos contra alguém.

    Sobre o debate, não pude ver na integra.
    Era dia de jogo do São Paulo e fiquei sapiando de uma canal pra outro.

    De toda forma, não creio que hoje, o debate tenha o mesmo peso que tinha ontem.

    A cada tempo certo detalhe faz a diferença.
    Hoje acredito que a chegada de outras fontes de informação tiraram bastante força deste tipo de ferramenta.

    Outra coisa importante...
    A maioria das pessoas, devido ao exercício da democracia já a 2 decadas, começou a estabelecer simpatias politicas e isto faz opinião mesmo antes dos candidatos se colocarem.

    O brasileiro não vota em partidos.
    Mas percebo que 60% tem por regra não votar em um ou em outro independente de quem seja o resultado.

    Uma grande parte dos brasileiros (30%) rejeita o PT seja quem for o candidato.
    Um outra parte igual (30%) rejeita qualquer nome que vier com a griffe PSDB.

    Sobra como manobra para os candidatos o resto dos eleitores.

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  13. não concordo que as nossas leis são fracas
    a oligarquia.elegemos o lula para acabar com
    isto chamado oligarquia e, pelo visto continua
    remos com eles no poder.quanto ao debate não
    assisti-tava concentrado no meu Inter.sei que
    estou errado-mas esses candidatos ainda não me
    deram aquela vontade de assistir.portanto espe-
    remos.e parabens por mais este espaço para agente
    dialogar.

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  14. É uma pena que nos debates esquecem que existem outros candidatos. E que planos de governo raramente sejam mostrados. Gostei muito da sua análise Luiz!
    Quem sabe não surja daqui a solução para resolver esses problemas. Se todos os eleitores monitorassem os atos de seus eleitos, garanto que não seriam tão enganados e a política no Brasil se tornasse algo mais justo e sério.
    Pra criticar os "filhos" dos outros, temos que cuidar bem dos nossos primeiros. E isso os idólatras partidários raramente fazem...

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  15. Parabéns,Luis

    texto irretocável!

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  16. REFLEXÃO

    SINTO VERGONHA DE MIM

    Cleide Canton

    Sinto vergonha de mim
    por ter sido educador de parte desse povo,
    por ter batalhado sempre pela justiça,
    por compactuar com a honestidade,
    por primar pela verdade
    e por ver este povo já chamado varonil
    enveredar pelo caminho da desonra.

    Sinto vergonha de mim
    por ter feito parte de uma era
    que lutou pela democracia,
    pela liberdade de ser
    e ter que entregar aos meus filhos,
    simples e abominavelmente,
    a derrota das virtudes pelos vícios,
    a ausência da sensatez
    no julgamento da verdade,
    a negligência com a família,
    célula-mater da sociedade,
    a demasiada preocupação
    com o "eu" feliz a qualquer custo,
    buscando a tal "felicidade"
    em caminhos eivados de desrespeito
    para com o seu próximo.

    Tenho vergonha de mim
    pela passividade em ouvir,
    sem despejar meu verbo,
    a tantas desculpas ditadas
    pelo orgulho e vaidade,
    a tanta falta de humildade
    para reconhecer um erro cometido,
    a tantos "floreios" para justificar
    atos criminosos,
    a tanta relutância
    em esquecer a antiga posição
    de sempre "contestar",
    voltar atrás
    e mudar o futuro.

    Tenho vergonha de mim
    pois faço parte de um povo que não reconheço,
    enveredando por caminhos
    que não quero percorrer...

    Tenho vergonha da minha impotência,
    da minha falta de garra,
    das minhas desilusões
    e do meu cansaço.
    Não tenho para onde ir
    pois amo este meu chão,
    vibro ao ouvir meu Hino
    e jamais usei a minha Bandeira
    para enxugar o meu suor
    ou enrolar meu corpo
    na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

    Ao lado da vergonha de mim,
    tenho tanta pena de ti,
    povo brasileiro!


    ***

    "De tanto ver triunfar as nulidades,
    de tanto ver prosperar a desonra,
    de tanto ver crescer a injustiça,
    de tanto ver agigantarem-se os poderes
    nas mãos dos maus,
    o homem chega a desanimar da virtude,
    a rir-se da honra,
    a ter vergonha de ser honesto".

    (Rui Barbosa)

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  17. No "apagar das luzes" do governo lula só nos resta fazer uma pergunta: E agora?..o que devemos/podemos esperar da dona Dilma?Será ela uma continuação do lula?Ou pensará com a própria cabeça???Sinceramente?Ela não me parece o tipo cordeirinho...sei não..Acho que teremos surpresas.

    Quem viver,verá!!!!

    Ps.: gostei do blog

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  18. 1- Proibição de votação secreta dos parlamentares.
    2- Escolaridade mínima do segundo grau para candidatos a cargos eletivos, quem quiser ser candidato deve estudar como qualquer profissão.
    3- Congresso monocameral com o fim do Senado, cada estado tem o mesmo número de senadores, o que não é representativo.
    4- Instituição do voto distrital na Câmara dos Deputados, os estados seriam divididos em distritos proporcionais ao numero de eleitores. As campanhas seriam feitas a partir de doações de eleitores pondo fim a tantos desvios e abuso do poder econômico em campanhas milionárias.
    5- Fim da verba partidária, verba indenizatória, de auxílio moradia, verba paletó, de pagamentos para previdência política especial, redução de ministérios, de gastos com custeio de comissões, de acessores parlamentares e cargos comissionados.
    6- Proibição de Centros de Assistencialismo com serviços de saúde, educação, cursos profissionalizantes e outros que deveriam ser oferecidos pelo Estado e são ofertados como barganha em troca de votos.
    7- Proibição de políticos de terem programas na rádio, televisão, de escreverem artigos e terem colunas em revistas e jornais, de utilizarem da mídia para propaganda política ou pessoal, de exercerem cargos e terem outras atividades como conselheiros em empresas públicas e privadas, de terem fundações particulares para uso político ou se desviarem da função para a qual foram eleitos.
    8- Lei a favor do voto de protesto. Se uma eleição tem a maioria de votos brancos ou nulos, a mesma deve ser anulada e se convocar outra eleição com diferentes candidatos. Os partidos não podem obrigar os eleitores a escolher entre o sujo e o mal lavado. O voto continua obrigatório para que representantes de interesses do funcionalismo, do sindicalismo, do assistencialismo e entidades civis ou religiosas não dominem ainda mais o cenário político nacional.
    9- Lista de papel ao lado das urnas eletrônicas, não da pra confiar só na informática.
    10- Candidatos a cargos públicos e políticos só com a ficha limpa.

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